Cabo Verde reconhece a importância da sua economia azul, que inclui turismo, pesca e recursos marinhos, essenciais para o crescimento económico, mas vulneráveis às mudanças climáticas, afirmou o Secretário de Estado das Finanças.

Alcindo Mota falava à margem do evento organizado pelo Banco Mundial, na COP29, com o tema "Resistindo à Tempestade: Preenchendo a Lacuna de Financiamento de Resiliência para Pequenas Ilhas", que decorreu nesta quinta-feira, 14 de novembro, em Bacu, Azerbaijão.

Durante a sua participação neste evento que teve também como palestrante, David Paul, Ministro das Finanças da República das Ilhas Marshall, Alcindo Mota disse que o turismo, responsável por um quarto do PIB, e a pesca, que gera 70% das exportações, enfrentam sérios riscos devido ao aumento do nível do mar, tempestades mais intensas e alterações nos ecossistemas marinhos.

“Para mitigar esses impactos, o país lançou a iniciativa dos (Títulos Azuis), uma ferramenta financeira para atrair investimentos privados em áreas como gestão sustentável da pesca e infraestrutura turística resiliente. Além disso, busca apoio de fundos climáticos globais, como o (Fundo Verde para o Clima), e explora parcerias público-privadas para fortalecer infraestruturas costeiras e sistemas de alerta precoce”, afirmou.

Cabo Verde também está, segundo o governante, redirecionando parte dos seus recursos domésticos para apoiar práticas pesqueiras responsáveis e a conservação dos ecossistemas marinhos, visando garantir a sustentabilidade da economia azul, reduzir a dependência de financiamento externo e promover um desenvolvimento resiliente para o futuro do país.

O Secretário de Estado disse entender o significativo desafio de financiamento que o país enfrenta para lidar com os impactos das mudanças climáticas e alcançar os objetivos de desenvolvimento. “A estimativa do CCDR's de uma necessidade de financiamento a cerca de 140 milhões de dólares por ano até 2030, sublinha a magnitude da tarefa que temos pela frente, representando cerca de 6% do nosso PIB”. Este número segundo, Alcindo Mota, reflete o custo de construção de resiliência, transição para uma economia verde e a implementação de medidas de adaptação climática.

“Dado o espaço fiscal limitado, o governo aposta na mobilização de capital privado por meio de mecanismos inovadores, como (Títulos Verdes e Azuis) e (Financiamento Misto), além de fortalecer parcerias público-privadas (PPPs) para financiar projetos sustentáveis, como energia renovável e infraestrutura resiliente”, sublinhou o Secretário de Estado.

Cabo Verde também está a implementar reformas regulatórias e simplificando processos para atrair investimentos privados, adiantou Alcindo Mota, indicando que o país ainda busca alinhar as suas divulgações financeiras climáticas aos padrões internacionais.